No Livro "As Palavras", Sartre escreve uma coisa extraordinária: " não te agarres nunca, apoia-te só".
Uma vez, li uma entrevista de Agustina, em que ela recordava a avó e a sua filosofia de vida baseada naquela ideia de Sartre.
Dizia Agustina que " agarrar é a vontade de se segurar, de corrigir; apoiar-se é dar liberdade a si próprio e aos outros" .
A propósito desta ideia e sem qualquer pretensão, deixo aqui um apontamento escrito em Setembro de 2007, à volta de uma bengala, que ainda hoje conservo:
exótica,
a fazer lembrar África.
É antiga,
artesanal,
rústica.
De que árvore escolhida
me fala esta bengala?
Intriga-me.
É misteriosa,
feminina.
É Mulher.
Tem "marca" de homem,
de faca de mato,
de canivete.
Tem "marca" de mão.
Falou-me de "estórias",
quando nos vimos.
Veio comigo,
tratei dela.
Ajeitei-me a ela.
Precisa de "bater",
segura e suave,
sem se fazer ouvir.
Adoptou-me.
Escolhi-a.
E diz-me:
"Apoia-te só,
não te agarres nunca".
Óbidos, 2010
6 comentários:
Às vezes uma bengala vale um cavalo na guerra.
PM
E ajudou-te a ganhar mais uma batalha! Gostei! Gosto de saber que vences... todos os dias! Bj.
Ainda bem que tens este blog, Céu. Ficamos a conhecer melhor a guerreira que vive tão perto de nós, e que escreve tão bem.
jinhos meus
É o que esperamos dos AMIGOS.Foi um prazer esta descoberta...afinal ainda não te conhecia.
tem tudo, forma, sentimento, e até o toque delicioso desse conselho amigo...
é sempre bom recordar bons momemntos e a guereira que és. bjo
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