domingo, 17 de fevereiro de 2013

Anjo da Guarda



( De vez em quando o meu Anjo da Guarda transforma-se em gente )



"Só se vê bem com o coração.
O essencial é invisível aos olhos"
 
(Saint-Exupéry)
 
Pamplona, Fevereiro, 2013 (Céu)




" (...) A distância pode causar saudade, mas nunca o esquecimento "

(Filosofia chinesa)

 
 
 
De uma maneira geral, temos medo de demonstrar os nossos sentimentos.
 
Mas eu estou aqui, mais uma vez, para escrever sobre sentimentos e emoções.
 
É assim que me sinto bem!
 
Vem isto a propósito de um encontro que tive, há uns tempos atrás, após uma delicada cirurgia de seis horas.
 
No dia seguinte, entrou-me pelo quarto da Clínica, uma senhora auxiliar, de grande porte e com um sorriso, bastante largo e doce, no rosto.
 
Se eu estivesse sem "as brumas" pós-operatórias, teria correspondido a este lindo sorriso.
 
Não o fiz e não podia, visto que um tubo, que ligava o meu nariz ao estômago, impedia-mo.
 
-Vamos  dar banho! Disse-me ela.
 
Achei que delirava, pois eu nem sequer me podia mexer, cheia que estava de tubos e sondas, a que  "carinhosamente" passei a chamar "artilharia pesada".
 
Dei por mim, quase no ar, nos seus braços fortes mas protectores e delicados, que me fizeram sentir como se estivesse num verdadeiro "banho de espuma".
 
Dizia-me, com voz doce: bonita!
 
E eu, dorida, sussurrava: cuidado!
 
Mas ela repetia: bonita!
 
Eu com medo que ela me "partisse" e ela sempre carinhosa e fazendo-me sentir cada vez mais forte e menos vulnerável.
 
Durante 10 dias, tivémos este encontro especial, o qual me marcou e foi decisivo para a minha recuperação.
 
Estive, esta semana, na mesma Clínica e vi-a.
 
Olhámo-nos e reconhecemo-nos.
 
Abraçámo-nos cúmplices.
 
Vestia uma outra farda. Fora promovida.
 
Subiu de "posto", com todo aquele seu amor fraterno.
 
Acarinhei-a, como tantas vezes me fez.
 
Olhei-a e vi, de novo, alguém de grande porte, mas com um coração cheio de amor e dádiva. 
 
Aos meus olhos, ela transforma-se em Anjo delicado.
 
De vez em quando, o meu Anjo da Guarda transforma-se em gente.
 
Bem-haja, minha querida!