Crianças brincando com bolas de sabão
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Plaza Castillo, Pamplona (Céu, 2012) |
"Nunca ninguém conseguirá ir ao
fundo de um riso de criança"
Victor Hugo, 1802-1885
Há meia dúzia de razões na vida que nos podem deixar vulneráveis.
Que nos vão direitas ao coração, como diz António Lobo Antunes.
Por força das circunstâncias, tenho frequentado o "Hospital de Dia". Todos sabemos do que se trata: lutamos contra o cancro.
Mais do que as minhas dores, são as dores dos meus companheiros que me comovem. Que me impressionam.
Pasmo com a sua coragem!
"Que força é essa Amigo?", lembro-me desta frase de Sérgio Godinho e enterneço-me.
Cumprimentamo-nos, porque somos "velhos" conhecidos. Contamos a nossa história. Ouvimos com o coração e expressamos o nosso afecto. A nossa solidariedade.
"Estou melhor", diz um ; "hoje não é o meu dia", diz um outro ; "esta segunda vez está muito difícil", comenta um terceiro; e eu digo, sem saber muito bem onde me dói, que são os efeitos colaterais.
E, de repente, silêncio!
Entrou um menino, talvez com 7 ou 8 anos, vestido com um pijama amarelo. Largo. Muito largo!
Na cabeça, um boné, no braço, a "buterfly", que todos odiamos, presa a um tubo que lhe dava soro. O soro pendurado num tripé de rodas.
A imagem desse menino patinando com o tripé, pelo corredor do "Hospital de Dia", nunca mais me irá deixar.
Foi direita ao coração!
O menino do pijama amarelo, largo, muito largo, SORRIA.
Brincava.
E nós, por momentos, também brincámos, rimos, enchemo-nos de força, de dignidade e de esperança.
"Em Pamplona, fez sol...apesar do frio"
Céu