quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Do lado de cá dos montes


 
 
 
 





"Este Trás-os-Montes da minha alma! Atravessa-se o Marão,
e entra-se logo no paraíso"
(Miguel Torga)
 
 

Foto: «O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta».
                                                                                    Miguel Torga in "Diário XII"








Querer


 Sem cinzel se esculpe uma paixão
Na granítica rocha transmontana.
É bastante o pulsar do coração
... Tomado pela melancolia
Do espaço montanhês
Que assalta a cada dia
Quem, como tu, cismontana
De longe ouves e vês
Os pássaros a cantar
A bruma do alvorecer
O latir aos lobos e o borbulhar
Da água das ribeiras a correr.

(PM)







Poema da autoria de um grande amigo e dedicado a todas as cismontanas.



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