domingo, 4 de novembro de 2012

O menino do pijama amarelo





Crianças brincando com bolas de sabão
Plaza Castillo, Pamplona (Céu, 2012)


 
 
                      "Nunca ninguém conseguirá ir ao
                  fundo de um riso de criança"
 
                               Victor Hugo, 1802-1885
 
 
 
 
 
Há meia dúzia de razões na vida que nos podem deixar vulneráveis.
 
Que nos vão direitas ao coração, como diz António Lobo Antunes.
 
Por força das circunstâncias, tenho frequentado o "Hospital de Dia". Todos sabemos do que se trata: lutamos contra o cancro.
 
Mais do que as minhas dores, são as dores dos meus companheiros que me comovem. Que me impressionam.
 
Pasmo com a sua coragem!
 
"Que força é essa Amigo?", lembro-me desta frase de Sérgio Godinho e enterneço-me.
 
Cumprimentamo-nos, porque somos "velhos" conhecidos. Contamos a nossa história. Ouvimos com o coração e expressamos o nosso afecto. A nossa solidariedade.
 
"Estou melhor", diz um ; "hoje não é o meu dia", diz um outro ; "esta segunda vez está muito difícil", comenta um terceiro; e eu digo, sem saber muito bem onde me dói, que são os efeitos colaterais.
 
E, de repente, silêncio!
 
Entrou um menino, talvez com 7 ou 8 anos, vestido com um pijama amarelo. Largo. Muito largo!
Na cabeça, um boné, no braço, a "buterfly", que todos odiamos, presa a um tubo que lhe dava soro. O soro pendurado num tripé de rodas.
 
A imagem desse menino patinando com o tripé, pelo corredor do "Hospital de Dia", nunca mais me irá deixar.
 
Foi direita ao coração!
 
O menino do pijama amarelo, largo, muito largo, SORRIA.
 
Brincava.
 
E nós, por momentos, também brincámos, rimos, enchemo-nos de força, de dignidade e de esperança.
 
 
"Em Pamplona, fez sol...apesar do frio"
 
 
 
 
Céu
 
 
 




1 comentário:

Mário Oliveira disse...

Beijinho, tudo a correr bem