"A Amizade é uma alma com dois corpos"
(Aristóteles)
E eis que chegámos a 2011!
Estamos a comemorar - eu, a Céu de sempre, sonhadora e utópica, a Conceição Alves, a maravilhosa menina de uma notável classe, a Conceição Claro, a sempre disponível companheira , cujo sorriso nos contagia e a Fernanda Coutinho, linda, sensata e consensual - as bodas de ouro da nossa Amizade.
Como foi que o tempo passou ? 1961 foi “anteontem”!
Éramos quatro crianças, meninas que iniciávamos o nosso percurso escolar na ” antiga” Escola Primária da Venteira, na Amadora.
Travessas e inquietas, formávamos já um grupo coeso e forte, em que a defesa de umas pelas outras era uma constante.Os tempos eram diferentes e difíceis, particularmente para as meninas.
Mas éramos tão felizes!Como foi que o tempo passou tão de repente?
Foi “ontem” que unidas fizemos o nosso percurso na Escola Secundária!Recordo que nessa altura todos os momentos de intervalo das aulas eram vividos em conjunto.
Os nossos segredos , as nossas aspirações e inseguranças e até os nossos medos eram objecto de uma partilha permanente.
E sonhávamos! Muito!
Sempre!Os “Sonhos” eram verbalizados no grupo.
Tarefa de que me encarregavam e que eu fazia com todo o prazer e orgulho.Eram “sonhos ” em que o mundo, feito à nossa medida, tinha paisagens maravilhosas, viagens, cores, sons, músicas e cavaleiros andantes (ou príncipes encantados de olhos azuis, para a São Alves).
E vestidos lindos, dignos das princesas que nós éramos!Nunca “sonhámos” com riquezas.
Os nossos ideais eram outros: sermos felizes e continuarmos a fazer parte do percurso de cada uma de nós.Nem sempre a vida tornou esses ideais uma realidade e, em dada altura, estivemos alguns anos sem nos juntarmos.
Porém, sempre perto do coração, de tal modo que, no dia em que voltámos a reunir-nos, foi como se nos tivéssemos visto no dia anterior.
E tem sido sempre assim, com a normalidade de coisa nossa, sentida, amada e acarinhada como uma jóia rara.Sem explicação, pois as coisas do coração não se explicam.
Sentem-se!
Este ano comemoramos o 50º aniversário de uma amizade pura e rara.Os festejos iniciaram-se com um dia de prazer e aconchego na Quinta da São Alves, em Arrouquelas.
Entre iguarias várias ( soberbamente executadas pela São A), fomos brindados pelo Coutinho com fados de Coimbra e de Lisboa, canções do Zeca e poemas declamados ao som da sua viola (e do nosso coro quase sempre desafinado), que nos levaram, várias vezes, às lágrimas.Puro deleite!
É desta constante que a vida deve ser feita: da partilha, do amor, dos sons , dos cheiros, dos afectos e da certeza de termos quem nos ame sem reservas e sem julgamentos.
O amor e a amizade fazem de nós pessoas mais fortes, mais dignas e ajudam-nos a enfrentar os obstáculos mais adversos!Sinto um orgulho imenso e considero-me uma pessoa com muita sorte por poder contar com a força e companhia destas três grandes mulheres.
De certa forma, os nossos “sonhos” de meninas e adolescentes, foi cumprido!Céu