Pamplona, Fevereiro, 2013 (Céu)
" (...) A distância pode causar saudade, mas nunca o esquecimento "
(Filosofia chinesa)
De uma maneira geral, temos medo de demonstrar os nossos sentimentos.
Mas eu estou aqui, mais uma vez, para escrever sobre sentimentos e emoções.
É assim que me sinto bem!
Vem isto a propósito de um encontro que tive, há uns tempos atrás, após uma delicada cirurgia de seis horas.
No dia seguinte, entrou-me pelo quarto da Clínica, uma senhora auxiliar, de grande porte e com um sorriso, bastante largo e doce, no rosto.
Se eu estivesse sem "as brumas" pós-operatórias, teria correspondido a este lindo sorriso.
Não o fiz e não podia, visto que um tubo, que ligava o meu nariz ao estômago, impedia-mo.
-Vamos dar banho! Disse-me ela.
Achei que delirava, pois eu nem sequer me podia mexer, cheia que estava de tubos e sondas, a que "carinhosamente" passei a chamar "artilharia pesada".
Dei por mim, quase no ar, nos seus braços fortes mas protectores e delicados, que me fizeram sentir como se estivesse num verdadeiro "banho de espuma".
Dizia-me, com voz doce: bonita!
E eu, dorida, sussurrava: cuidado!
Mas ela repetia: bonita!
Eu com medo que ela me "partisse" e ela sempre carinhosa e fazendo-me sentir cada vez mais forte e menos vulnerável.
Durante 10 dias, tivémos este encontro especial, o qual me marcou e foi decisivo para a minha recuperação.
Estive, esta semana, na mesma Clínica e vi-a.
Olhámo-nos e reconhecemo-nos.
Abraçámo-nos cúmplices.
Vestia uma outra farda. Fora promovida.
Subiu de "posto", com todo aquele seu amor fraterno.
Acarinhei-a, como tantas vezes me fez.
Olhei-a e vi, de novo, alguém de grande porte, mas com um coração cheio de amor e dádiva.
Aos meus olhos, ela transforma-se em Anjo delicado.
De vez em quando, o meu Anjo da Guarda transforma-se em gente.
Bem-haja, minha querida!
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